segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Vanguart em estúdio pra gravar o próximo albúm

Já temos metade do repertório composto e arranjado, e estamos bem contentes. Depois de um disco com um sofrimento agudo, estamos compondo canções mais solares, mais esperançosas. É como se estivéssemos vendo um lado mais colorido e bonito da vida agora.
 Hélio Flanders em entrevista ao iG.

A banda anunciou que está entrando em estúdio pra gravar o próximo disco, que tem previsão de lançamento pra depois do carnaval de 2013.

Leia a seguir, a entrevista de Hélio Flanders ao iG.

iG: Como vocês se sentiram quando souberam que estavam indicados ao VMB, e, ainda por cima, lideravam o número de indicações?
Hélio Flanders: Foi muito legal, e foi algo inesperado. Nós somos do underground, fazemos uma música que, teoricamente, não é muito pop, ficamos bem surpresos com esse reconhecimento. Não é demagogia: só de ser indicado já foi um baita prêmio para nós. Esperávamos que poderia aparecer alguma indicação por causa do clipe. Mas a parte mais legal disso tudo é que nós nos sentimos obrigados a mobilizar os nossos fãs, porque temos menos fãs que a maioria dos artistas que concorrem com a gente. Isso nos aproximou muito do público, foi legal sentir que temos fãs fiéis que lutam pela banda que gostam.

iG: E a esperança de vencer?
Hélio Flanders: Cara, acho bem difícil que nós ganhemos alguma coisa. Em todas as categorias, existem artistas bacanas, com vários méritos. Procuro nem pensar em vencer, na verdade, prefiro curtir o fato de estar no meio de artistas que eu admiro, como o Emicida. Se os críticos vão votar na gente, eu não sei. Só espero que a votação seja baseada em quem é melhor, e não é quem é amigo de quem. Torço para que as panelinhas não falem tão alto nessa hora.

iG: Uma premiação como o VMB faz diferença hoje em dia, da mesma maneira como fazia há tempos atrás, quando só premiava clipes?
Hélio Flanders: Acho que faz diferença sim. O VMB deixou de ser uma premiação de clipes para ser uma premiação de música, algo que falta no Brasil, um país onde você costuma ouvir coisas ruins sobre certos prêmios. Sobre a relevância do prêmio, sinto que quem faz essa crítica tem certo ranço nostálgico: “pô, há 15 anos tinha Titãs e Paralamas”. Sinceramente, essa nostalgia é um saco. Depois de anos em que o Restart e o NX Zero ganharam tudo, que o Caetano Veloso ganhou como melhor cantor, acho que a MTV voltou a ter mais cuidado com o VMB. No ano passado teve muita coisa boa: o reconhecimento do Criolo, do Emicida, da Tulipa Ruiz.

iG: Vocês tiveram um intervalo de quatro anos entre a gravação do primeiro e do segundo disco. O terceiro já está encaminhado ou vocês não têm pressa?
Hélio Flanders: Queremos gravar ainda esse ano um disco novo. Já temos metade dele composto e arranjado, e estamos bem contentes. O “Boa Parte de Mim Vai Embora” era um disco que cansava um pouco, tinha um sofrimento agudo, nem eu aguento escutá-lo às vezes. E se eu não aguento, imagina as pessoas. Costumo me arrepender muito dos meus discos, e estou animado com a possibilidade de fazer outro, de narrar outro momento da minha vida. Começamos a compor canções mais solares, mais esperançosas, estamos vendo um lado mais colorido e bonito da vida agora.

iG: E já tem previsão de lançamento?
Hélio Flanders: Queremos lançar no começo do ano que vem, depois do carnaval. O disco sai pela Deck, com produção nossa e do Rafael Ramos.

iG: Antes do “Boa Parte de Mim Vai Embora”, vocês gravaram um disco ao vivo pela Universal. Como foi essa passagem por uma gravadora grande?
Hélio Flanders: Na época do DVD, eles queriam que a gente fizesse um disco de inéditas, e eu não tinha canções para esse disco – e eu sou da opinião que se você não tem um disco, não deve fazer um. Fizemos então um álbum ao vivo, que foi interessante para nós. Foi uma chance única, especialmente porque houve a pareceria com o Multishow. Um ano e meio depois, a Universal queria que a gente fizesse um disco só de covers, porque tínhamos gravado “O Mar”, do Dorival Caymmi, e tinha feito sucesso. Nessa altura, queríamos gravar um disco de inéditas, e eles não se interessaram. Rompemos o contrato e foi tudo OK – melhor do que ter ficado na geladeira ou ter feito algo só por fazer. Na sequência, gravamos o “Boa Parte de Mim Vai Embora”, e a Deck resolveu lançar o disco.

iG: “Mi Vida Eres Tu”, a música do clipe que concorre ao VMB, é cantada em espanhol, e vocês têm várias canções em inglês também. É diferente se expressar em diversas línguas?
Hélio Flanders: Acho que é coisa de outro planeta, é outra banda quando canto em outro idioma. “Mi Vida Eres Tu” é uma brincadeira em portunhol, mas é uma grande dificuldade criar conceitos em outros idiomas. Como compositor, é um grande desafio escrever em português, porque é mais difícil e porque toca mais fundo o nosso ouvinte. Foi algo que topei fazer na minha carreira, e ainda estou dando meus primeiros passos. O lado mais curioso é que, quando a gente apareceu, éramos execrados por tocar em inglês, chegamos a ser hostilizados em Brasília. As pessoas gritavam para gente cantar em português, e hoje isso virou algo mais normal. O Thiago Pethit acabou de lançar um disco bilíngue, por exemplo, acho que as coisas ficaram mais cosmopolitas de uns tempos para cá.

iG: Além do projeto autoral, o Vanguart também costuma fazer apresentações tocando Beatles, em um projeto chamado VangBeats. Fazer cover dos rapazes de Liverpool foi importante para vocês?
Hélio Flanders: Foi importante para pagar o aluguel, para nós podermos não ter que vender o Vanguart de uma maneira que a gente não quisesse. Claro, é uma delícia subir no palco para tocar Beatles, e nós crescemos muito como músicos, mas a questão financeira foi o que pesou mais. É o tipo de coisa que nos deixa tirar dois meses de férias só para compor. Os fins justificam os meios.

iG: Que bandas novas brasileiras você recomenda?
Hélio Flanders: O Quarto Negro, aqui de São Paulo, é bem bacana. Tem um duo do Sergipe chamado The Baggios; o Cícero, que muita gente já conhece, e o Pélico. Pode colocar também o Rashid, o Rael do Rima, o Kamau, essa galera do rap que está cada vez melhor. O hip-hop está cada vez mais conquistando uma cara própria no Brasil.

iG: Do jeito que você fala do hip-hop, dá até para pensar no Vanguart fazendo rap… 
Hélio Flanders: Cara, não dá. (risos) Eu não tenho a manha. Adoraria ter nascido negro para poder cantar hip-hop e samba, mas não consigo. Se eu tivesse a manha, faria numa boa, seria uma grande alegria.

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