Foto: Claudia Almeida
Via: Omelete
Responsável pelos shows de abertura da turnê brasileira do Snow Patrol, a banda Vanguart concedeu uma entrevista exclusiva ao Omelete. Nela, o baixista Reginaldo Lincoln fala sobre o cenário da música independente no Brasil e as dificuldades para se destacar no mercado fonográfico. "Além dos problemas financeiros, há toda a caretice que atrapalha o desenvolvimento da música nacional. Você não pode ser quem realmente é, precisa se transformar para ser aceito pelo público", diz.
De acordo com o músico, nos anos 80 e 90, quando o rock brasileiro tinha mais exposição na mídia, havia uma tolerância maior com atitudes que hoje são consideradas politicamente incorretas. "Você não pode aparecer na televisão vestido de um jeito tal ou se divertir em uma festa como bem entender. Há alguns anos, as bandas vivivam o lado bom e o ruim do rock; fama, shows, diversão e drogas. Hoje, em qualquer escorregão que você der será escorraçado pela opinião pública", diz Lincoln.
Todas essas mudanças inerentes ao mercado, segundo o baixista, fazem com que algumas bandas se reinventem para serem aceitas. "Nós precisamos mudar no começo. Entendemos como se joga e aí aprendemos a lidar com essa demanda. Por uma crença forte no nosso talento e trabalho, nunca precisamos mudar nosso som, afinal, era ele que nos fazia acreditar que um dia despontaríamos." Hoje, além de vários EPs e um disco ao vivo, a banda conta com dois álbuns lançados - o último deles, Boa Parte De Mim Vai Embora, foi responsável pelo título de melhor banda do ano no VMB, prêmio da MTV Brasil.
Ainda que tenham ganhado mais espaço, Lincoln diz que enfrenta alguns problemas para conseguir marcar shows em certas regiões. "Existe pouca gente que queira investir realmente em novas bandas. Eles ficam com você por um ano e, no momento em que você precisa de algo novo, um passo a mais na carreira, partem para um outro grupo", comenta.
Atualmente, o Vanguart se prepara para gravar um novo disco, ainda sem nome, e que terá um tom mais alegre do que o último trabalho. "O Boa Parte... foi muito barra pesada, agora faremos algo com um clima mais feliz. Estamos em cima desse álbum há quase um ano. São arranjos diferentes e músicas com outra temática, queremos fazer deste o melhor trabalho da nossa carreira."
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